
Quando o Silêncio Machuca Mais que a Palavra
A violência doméstica é uma das mais graves violações de direitos humanos enfrentadas por mulheres em todo o mundo. No Brasil, essa realidade ainda é alarmante, cotidiana e, muitas vezes, silenciosa. Ela se infiltra nos lares, nos relacionamentos afetivos e nas dinâmicas familiares, deixando feridas que vão muito além das marcas físicas. Em muitos casos, a violência destrói a imagem interna que a mulher tem de si mesma — e, com isso, apaga sua voz, seu brilho e sua presença no mundo.
A Dimensão da Violência no Brasil: Dados e Impactos Reais
De acordo com a mais recente Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher (2023), realizada pelo DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, três em cada dez brasileiras afirmaram já ter sofrido algum tipo de violência doméstica ou familiar provocada por homens. Destas, 76% disseram ter vivenciado violência física. E um dado ainda mais preocupante: em 64% dos casos, o agressor foi o parceiro atual ou ex-companheiro.
No entanto, a agressão física é apenas uma das camadas da violência. A violência psicológica — composta por humilhações, manipulações, ameaças, isolamento e controle emocional — é uma das formas mais recorrentes e perigosas de abuso. Ela corrói silenciosamente a autoestima da mulher, distorce sua percepção da realidade e promove um sentimento contínuo de culpa, medo e dependência.
Estudos na área da saúde mental, como os publicados pela Revista Brasileira de Psiquiatria, apontam que mulheres vítimas de violência doméstica têm alto risco de desenvolver transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão, ansiedade generalizada, além de impactos físicos crônicos, como enxaquecas, distúrbios alimentares e insônia. O trauma emocional se manifesta no corpo, nas atitudes, nas escolhas, e, muitas vezes, na forma como a mulher se veste e se apresenta ao mundo.
A História de Maria da Penha: Quando a Luta Ganha Nome
Falar sobre violência doméstica no Brasil é falar sobre Maria da Penha Maia Fernandes, mulher, farmacêutica, mãe e símbolo de resistência. Em 1983, Maria da Penha foi vítima de duas tentativas de feminicídio cometidas por seu então marido. Na primeira, foi atingida por um tiro enquanto dormia, o que a deixou paraplégica. Na segunda, tentou ser eletrocutada e afogada no chuveiro.
Após anos de omissão do sistema judiciário brasileiro, o caso chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA, que condenou o Brasil por negligência e omissão na proteção da mulher. Como resposta, nasceu a Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha. Essa legislação inovadora estabeleceu medidas protetivas de urgência, ampliou os tipos de violência reconhecidos e reforçou o papel do Estado na prevenção e responsabilização.
As Leis e Políticas Públicas: O Que Está Sendo Feito?
Desde a promulgação da Lei Maria da Penha, o Brasil avançou em termos legislativos. Novas leis e emendas vêm fortalecendo a proteção às mulheres:
- Lei do Feminicídio (2015) – Tipifica o homicídio por razão de gênero como crime hediondo.
- Lei 14.188/2021 – Instituiu o crime de violência psicológica contra a mulher.
- Lei 14.550/2023 – Reforça a autonomia da vítima e amplia as possibilidades de aplicação de medidas protetivas.
Apesar dos avanços, os desafios persistem. A falta de estrutura nos serviços de acolhimento, a morosidade judicial e a cultura de silenciamento ainda dificultam o rompimento do ciclo de violência. Por isso, além das políticas públicas, é fundamental que a sociedade civil se mobilize e que iniciativas privadas, como a consultoria de imagem com propósito, se coloquem como rede de apoio.
Consultoria de Imagem e Estilo como Caminho de Reconstrução
A violência, sobretudo a emocional, desconstrói a identidade da mulher. Ela passa a se esconder, a minimizar sua presença e até a se vestir de maneira que o outro aprova — e não de acordo com sua essência. A escolha das roupas torna-se, muitas vezes, uma forma de invisibilidade, um reflexo da dor internalizada.
Na Look Casual Consultoria, entendemos a imagem pessoal como uma ferramenta de empoderamento, cura e reconexão com o eu. Ao orientar uma mulher que viveu a violência, não buscamos impor padrões estéticos, mas ajudá-la a reconhecer sua beleza, a sua história, e a reescrever sua narrativa visual com respeito e intenção.
A imagem não cura a ferida, mas pode ser o espelho que a lembra de quem ela é. E isso, para muitas mulheres, é o primeiro passo para levantar a cabeça, retomar o controle e seguir em frente com dignidade.
O que você pode fazer agora?
- Se você está em uma situação de violência, procure apoio. Ligue para o 180 – Central de Atendimento à Mulher (funciona 24h, gratuitamente).
- Se conhece alguém em situação de risco, ofereça escuta sem julgamento e oriente sobre os canais de ajuda.
- Se você é profissional ou empreendedora, use sua voz e atuação para acolher, informar e ajudar mulheres a romperem o ciclo da violência.
A violência doméstica não escolhe classe social, idade ou aparência. Ela é fruto de uma estrutura histórica de dominação e desigualdade. E combatê-la exige consciência, ação e empatia.
“A mulher precisa se reinventar todos os dias. E ainda sorrir.”
— Elza Soares, artista brasileira, ícone de resistência e superação.
“Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas.”
— Audre Lorde, escritora e ativista afro-americana.
“Eu sou minha, só minha, e não de quem quiser.”
— Cássia Eller, cantora brasileira, símbolo de autenticidade e força feminina.
Através do autoconhecimento e da reconstrução da autoestima, a consultoria de imagem pode oferecer mais do que estilo: pode oferecer significado, voz e libertação.
Na Look Casual, acreditamos que toda mulher tem o direito de se reconhecer, se expressar e se sentir segura em sua própria pele. E é por isso que falamos, acolhemos, criamos e caminhamos lado a lado. Porque cada mulher merece se ver inteira — por dentro e por fora.
